quinta-feira, 10 de outubro de 2019

O que aprendi na Grande Cartuxa -

O que aprendi na Grande Cartuxa



Ao brilho intenso do sol dos Alpes da Saboia francesa, depois de uma subida extenuante. Normalizei a respiração e puxei a corda da campainha. Aberto o postigo da pesada porta, após um momento de exame, um irmão leigo de capuz pardo introduziu-me, silenciosamente, num pátio murado, onde, entre canteiros de flores e zumbir de abelhas, uma fonte cantava.

Adiante, de cada lado da vetusta igreja, corriam dois compridos claustros arqueados, dos quais saíam fileiras de curiosas moradas de íngremes telhados vermelhos. Percebi logo que se tratava dos eremitérios individuais, onde habitam, na solidão e no silêncio, os monges da ordem.

Sabendo que quase nenhum estranho tinha entrado naquele remoto santuário, experimentei profunda palpitação de expectativa. Depois de uma velocíssima viagem de 6500 quilômetros, e sentindo ainda nos ouvidos o burburinho de Nova York, eu me achava no pátio do famoso mosteiro da Grande Cartuxa.



Mas eis que se aproxima de mim, com passos rápidos e com um sorriso tímido, mas amistoso, um vulto franzino de hábito branco. Era o prior, homem de seus 50 anos, de face corada e olhos de um azul muito profundo. Deu-me as boas-vindas com simplicidade e dignidade, e ouviu, cortesmente, a explicação dos motivos da minha visita. Depois levou-me a um eremitério desocupado e disse que o arquivista iria acompanhar-me numa visita geral. E retirou-se.

O eremitério era de pedra e tinha no andar térreo uma pequena oficina com ferramentas, um banco de carpinteiro e um depósito de madeira; no andar superior ficavam o oratório singelo e a cela. Nesta, o que vi foi uma mesa simples de carvalho, uma pequena estufa de ferro, uma estante de livros, um modesto genuflexório e a cama – um tosco enxergão de palha sobre um jirau.


Um sino tocou suavemente, ecoando entre os cumes banhados de sol. Lá no alto, o céu era de um azul ofuscante. Envolvido pelo sentimento de solidão que me cercava, sentei-me. Era ali, naquela prisão voluntária, que um homem tinha decidido passar toda a sua vida. Era ali que ele trabalhava e orava, estudava, cultivava o seu pequeno jardim e se entregava àquela intensa contemplação que é o fim e o propósito do monge cartusiano.

Nesse ponto ouvi uma leve pancada na porta. Era Dom Arthaud, o arquivista, homem idoso, mas de porte viril, rosto largo e simpático, olhos castanhos inteligentes piscando brejeiramente atrás dos óculos, para surpresa minha.

- Às suas ordens, senhor. Que deseja saber? – perguntou-me ele depois de cumprimentar-me.
- Tudo. Diga-me antes de mais nada: guarda-se aqui silêncio absoluto?
- Exatamente. Exceto, é claro – acrescentou, fazendo uma delicada mesura – quando temos a honra de receber alguém como o senhor.
- Quando começa o dia para os frades?
- Às 5 e 45 levantamos com o sino e nos ocupamos com orações, até às 7 e 15.
- E em seguida fazem a primeira refeição?


- Não, a primeira e única refeição completa é feita ao meio-dia.
- Somente ao meio-dia? – exclamei. – Em que consiste?
- Em geral, consta de verduras da nossa horta.
- Comem carne de vez em quando?
- Nunca. (O meu espanto pareceu diverti-lo.) E uma vez por semana, bem como em muitos dias especiais, o nosso único sustento é pão seco e água.
Meus olhos caíram duro no jirau.

- Deitam-se cedo? – perguntei?
- Sim. Às seis da tarde.
- Pelo menos, têm um bom descanso à noite.
- Só até às 10 horas – disse o monge com um sorriso manso. – Então o sino toca, nós nos erguemos para o ofício noturno, e depois, acendendo nossas lanternas, vamos para as devoções em comum na igreja.
- Mas então quando é que se deitam?
- Cerca das três da manhã.
- E tornam a levantar-se às 5 e 45?
- Por certo... E garanto-lhe que é descanso mais que suficiente. O frade apertou-me o braço, como para abafar em mim qualquer expressão de dó.
- Venha comigo. Vamos dar a nossa volta pelo mosteiro.


Enquanto me conduzia pela belíssima igreja, com os magníficos assentos de couro lavrados, o arquivista informou-me que sua fundação se devia a um tal Bruno, com seis companheiros, em 1084. Mas o que me interessava era mais o lado humano do que o histórico. Enquanto caminhávamos por um corredor de lajes, onde, mesmo naquele dia de verão, se sentia a umidade e um calafrio de Antiguidade, perguntei:

- Vocês não sentem frio aqui no inverno?
- Oh, não.
Ele bateu familiarmente a pedra nua, como quem tocasse o ombro de um velho amigo:
- As paredes são espessas. E nós temos os nossos pequenos aquecedores.
- Mas parece que não aquecem grande coisa...
- Talvez não - e o piscar de seus olhos acentuou-se. – Mas rachar lenha nos aquece.


Pensei nos longos meses de neve, nas procissões noturnas através da escuridão gelada, no serviço religioso à meia-noite naquela igreja imponente e tenebrosa, e não pude reprimir um arrepio. Ao dobrar uma esquina vimos um jovem leigo empurrando uma carrocinha cheia de fatias de pão, parando para deixar uma fatia na janelinha da cada eremitério.

Dom Arthaud explicou que aquele brave garçon voltara há pouco do serviço militar, tendo-se distinguido na campanha da Indochina.
- Cada qual toma sua refeição sozinho?
- Sim... Sempre na solidão.
- E é essa a sua ração de hoje?
O arquivista fez que sim com a cabeça. Com adorável simplicidade, dobrou o possante bíceps e disse:
- O pão é bom. Eu deixo um pedaço sobre o meu banco de carpinteiro quando trabalho... como e trabalho ... trabalho e como ... Ninguém pensa em comida quando está deveras ocupado.
- Ocupado?
- Fique certo, meu amigo, que o tempo não dá para o que desejamos fazer. Os assentos esculpidos à mão que o senhor tanto admirou na igreja são todos trabalho dos nossos monges. O mesmo se dá com estes painéis – e mostrou magníficos trabalhos de entalhe ao longo do vestíbulo interno, representando volutas em forma de capulhos de linho.
- Também os móveis do nosso mosteiro, os armários do vestiário e inúmeras outras coisas... Como vê, até mesmo no sentido material não somos totalmente ociosos.


Prosseguimos pelo claustro. O arquivista mostrou um eremitério próximo e explicou:
- Ali mora um americano... Temos aqui dois americanos. E um padre mexicano. Outro da Áustria. Até um do Japão temos aqui.
- Então vem gente de toda a parte?
- Sim, meu amigo. Mas temos todos um destino comum.

Com um gesto expressivo ele me conduziu por uma arcada gótica a um pátio relvado banhado de sol e flores silvestres. Ali, em filas bem ordenadas, via-se uma série de singelas cruzes de madeira preta, sem nomes nem inscrição. Fiquei calado por algum tempo.

- São muito juntas umas das outras... aquelas cruzes – disse eu por fim.
- Nós não ocupamos muito espaço. Isso porque não precisamos de caixões. Como em vida, basta-nos uma tábua para deitar em cima.


De volta ao eremitério e novamente só, tratei de por em ordem os meus pensamentos. O modo de vida naquela prisão voluntária era muito mais severo do que eu havia imaginado. E no entanto, em vez da tristeza peculiar à penitência, em vez da melancolia do ascetismo que eu esperava, o que parecia impregnado na própria substância daquelas antigas pedras cinzentas era uma alegria despreocupada.

O sino soou mais uma vez. O sol escondera-se atrás dos píncaros da montanha. E com a passagem silenciosa das horas aquela estranha existência que, vista de fora, parecia falsa e contrária ao bom senso, assumiu um tranquilo ar de sanidade, enquanto o mundo hostil e absurdo lá embaixo se apresentava perdido no caos e na confusão.

Lá, em todos os continentes, os homens lutavam desvairadamente para triunfar, e em momentos de lazer só se preocupavam com divertimentos que lhes deleitassem os sentidos. A televisão lampejava, o rádio papagueava, aviões roncavam fendendo as nuvens com maior rapidez que o som, grandes navios atravessavam velozes os sete mares transportando cargas humanas para aqui e para ali, em busca de riqueza ou de prazer.


Ao mesmo tempo, porém, atormentada e perplexa, vítima de profundo desassossego, a humanidade não conhecia o verdadeiro contentamento. Em todas as nações, crescendo cada vez mais, ganhando malignidade cada dia, acumulavam-se os apetrechos feitos pelo homem para a destruição do seu semelhante.

A ciência era agora a senhora, a pobre humanidade a escrava, e o homem, esquecido da simplicidade dos seus antepassados, atolado num tremedal de interesses individuais e de ideais falsos, extenuava-se e suava para fazer girar a roda-viva sem fim da sua própria desagregação. Essa, debaixo do seu fraco verniz de civilização, era a triste epopeia da Terra, um mundo de trágicos desatinos girando pelo espaço, tendo apenas alguns poucos a erguerem o espírito, o coração e a voz para o Criador.

Não seriam, pois, mais sábios aqueles que tinham resolvido passar seus dias nesse retiro monástico, longe do som e da fúria terrestre, perto da abóbada celeste, de maneira que pudessem fixar permanentemente a vista nas verdades eternas e oferecer, talvez, com suas humildes preces, uma reparação pela culpa dos outros?


Poucos, sem dúvida, são capazes de um tal retraimento. A convicção deste fato se arraigou em mim à medida que os dias passavam e eu conheci privações insólitas, o tormento de noites insones e da alimentação espartana, a angústia da solidão nova.

Mas da experiência foi brotando pouco a pouco uma verdade fulgurante. No supremo isolamento da Grande Cartuxa, embora inatingível para a maioria de nós, encontra-se uma salutar advertência – a necessidade imprescindível que todo homem tem de se apartar dos outros de quando em quando e de fazer uma romaria ao próprio coração. 

Colhidos no vórtice da vida moderna, enredados em suas complicações, adquirimos o medo de ficar sozinhos e preferimos procurar qualquer distração a permanecer na embaraçosa companhia dos nossos próprios pensamentos.


A minha estada ali tinha, forçosamente, de chegar a um termo. Quando me despedi dos bons monges e desci à planície embaixo, senti uma estranha tristeza no coração. Mas percebi, claramente, que a minha subida ao convento não tinha sido vã e aprendi a lição da Grande Cartuxa.

A sua mensagem era, manifestamente, esta: que de vez em quando devemos tomar um pouco de tempo às múltiplas preocupações do nosso trabalho e de nossas distrações para reajustar o nosso senso de valores, para colocar em seus devidos lugares os nossos desejos materiais.

Banindo da nossa boca a inevitável desculpa, “Eu bem quisera, se pudesse, mas não disponho de um só momento para mim”, devemos arranjar tempo – cinco, dez, vinte minutos ao fim do dia, uma hora em cada tarde de domingo consagrado a um passeio de meditação, um fim de semana vez por outra passado a completo recolhimento.

Então veremos como são de pouca monta as coisas que perseguimos com tamanho afã; então, talvez, pudéssemos descobrir não só a consciência de nós mesmos, mas – o que é muito mais importante – a existência da nossa própria consciência.
Texto retirado da obra 35 Janelas para o Mundo, Seleções do Reader’sDigest. 1ª Edição, 1960. Editora Ypiranga. (“O que Aprendi na Grande Cartuxa”, A.J. Cronin, pp.286-292).

Se você gostaria de se aprofundar um pouco mais sobre a Ordem dos Cartuxos e sobre o Mosteiro onde o autor do texto acima viveu sua experiência, indico o filme Le Grand Silence (em português, O Grande Silêncio). O documentário de quase três horas é um mergulho interior na rotina da vida monástica cartusiana, sem diálogos e sem nenhum tipo de intervenção tecnológica. Guarde um tempo para viver essa experiência. Ao terminar de assistir você terá tido a impressão de que foi transportado de corpo e alma para a Grande Chartreuse. Não é para qualquer um, mas pode ser para você. Disponível na íntegra no Youtube. 

sábado, 7 de julho de 2018

Faltar a Missa aos domingos sem motivo justo é pecado grave!


Faltar a Missa aos domingos sem motivo justo é pecado grave!

"A Eucaristia (Santa Missa) do domingo fundamenta e sanciona toda a prática cristã. Por isso os fiéis são obrigados a participar da Eucaristia nos dias de preceito, a não ser por motivos muito sérios (por exemplo, uma doença, cuidado com bebês) ou se forem dispensados pelo próprio pastor. Aqueles que deliberadamente faltam a esta obrigação cometem pecado grave." (Catecismo da Igreja Católica n. 2181)
Onde se tem o costume do uso da cerimônia da "Celebração da Palavra" a participação na mesma não entra entre os motivos justos quando se tem condição real de ir a Missa.

Os principais motivos justos são: doença que impossibilite a pessoa a ir, ou se estar cuidando de alguém impossibilitado, que não se pode deixa-lo sozinho, seja por doença, ou um bebê, por exemplo, ou também uma longa distância que impossibilite de chegar ao local, esses são os casos gerais, os outros são mais específicos, na dúvida consulte um bom sacerdote. (2)

Quem comete a infelicidade deste pecado, como qualquer outro de natureza grave, só pode voltar a comungar depois de se confessar (obviamente com arrependimento e firme propósito de emenda) , do contrário estaria cometendo outro pecado grave, que é comungar em estado de pecado grave.

Além dos domingos existem 4 dias santos de participação obrigatória na Missa, independente do dia da semana, são o Natal, Corpus Christi, Maternidade Divina de Nossa Senhora (1 de janeiro) e Imaculada Conceição (08/12), destes só o último não é feriado, então os outros a gente tem toda a facilidade para ir.

Participando da Missa aos sábados a noite (1) nós cumprimos o preceito de participar da Missa dominical, pois o "dia litúrgico" do domingo começa no sábado a tarde. Também é obrigação participar da Missa INTEIRA aos domingos e nos dias santos citados, chegar atrasado sem motivo justo também é pecado, pecado leve se chegar antes do Ofertório, e grave se for depois.

Nos links a seguir tudo isto é bem explicado, não deixe de ler e ajude a compartilhar esta informação, quem ajuda uma alma está salvando a sua!
https://padrepauloricardo.org/episodios/como-devemos-guardar-o-domingo-e-os-dias-santos

(1) Sobre o horário da Missa ao sábado que equivale ao preceito dominical acesse link https://padrepauloricardo.org/episodios/cumpro-o-preceito-dominical-assistindo-a-missa-no-sabado-a-tarde

(2) Quais os motivos em que aos domingos e festas de guarda estou dispensado de participar da Santa Missa? - Por Dom José Falcão  --> 
https://www.youtube.com/watch?v=Z1D3QBBEK_M

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Novena Perpétua ao Imaculado Coração de Maria

Novena Perpétua ao Imaculado Coração de Maria, pelo bem da Igreja, da Pátria e das Famílias. Façamos esta novena em grupos ou sozinhos, pedindo a intercessão de Nossa Mãe Santíssima ao seu Filho e Nosso Senhor Jesus, para que seu Coração Imaculado triunfe em nossos lares e todos os ambientes.

 E como fazê-la? Sugerimos que possa ser feita em grupos de pelo menos 4 pessoas para que assim dividindo o mês em 4 partes cada um (ou mais se o grupo geral for maior) fique responsável por rezar num período do mês, daí a Novena será ininterrupta, perpétua. Um exemplo, uma parte do grupo rezará a novena do dia 01 ao dia 09 do mês, outra do dia 10 ao 18, mais um do dia 19 ao 27, e outro do dia 28 ao dia 06 do mês seguinte (dia 05 caso o mês anterior tenha tido 31 dias).

É fácil mas de um grandioso valor, e podemos divulgar esta novena para rezarmos em nossas famílias, grupos de amigos – sejam próximos ou virtuais – e principalmente nos grupos a que pertencemos na paróquia ou de outro modo que Deus nos inspirar, o grupo todo pode-se reunir periodicamente para rezar o Terço ou outra devoção, por exemplo, o importante é aproveitarmos as oportunidades que Ele nos oferece de rezar e aumentar nosso amor e devoção a Nossa Mãe Santíssima e conseqüentemente a Nosso Senhor Jesus.

A oração abaixo ao Imaculado Coração de Maria pode-se ser rezada todos os dias que se faz a Novena, agradecendo pelas graças recebidas e pedindo as necessárias, principalmente pela Santa Igreja, por nosso país e pelo bem das nossas famílias.

Se você gostou da idéia ajude a compartilhar nas redes sociais, nos grupos da sua paróquia ou qualquer outro meio, quem ajuda a salvar almas está salvando a sua. Salve Maria Santíssima!!

Ó Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, Rainha do Céu e refúgio dos pecadores, ao vosso Coração Imaculado consagramos nossa vida, todo nosso ser, tudo o que temos, tudo o que amamos, tudo o que somos. A Vós pertencem nossos lares, nossa pátria.
E para que esta consagração seja realmente eficaz e duradoura, renovamos hoje, aqui aos vossos pés, ó Maria, as promessas do nosso batismo e da nossa primeira comunhão.
Comprometemo-nos a professar, corajosamente e sempre, as verdades da fé, e a viver como católicos, submissos à sua Santidade, o Papa e aos Bispos em comunhão com ele.
Comprometemo-nos a observar os Mandamentos de Deus e da Igreja, particularmente a santificação do Domingo. Queremos empenhar-nos,
ó Gloriosa Mãe de Deus e nossa Mãe, para que o Reino de Cristo, vosso Filho, seja uma presença em nossas almas, na terra como no Céu. Amém.

sábado, 29 de abril de 2017

Oração pelas pessoas com a doença do Lúpus

O Lúpus, ou LES (Lúpus Eritematoso Sistêmico) é uma doença crônica de causa desconhecida, onde acontecem alterações fundamentais no sistema imunológico da pessoa, atingindo predominantemente mulheres. Nos links no final da página você terá mais informações sobre o assunto, não deixe de rezar e quando possível ajudar estas pessoas nesta batalha, e uma das ajudas é compartilhar estas informações e oração.

"Senhor nosso Deus, que enviastes o vosso Filho ao mundo para carregar as nossas enfermidades e levar sobre si as nossas dores, nós vos suplicamos por estas vossas filhas enfermas com a doença do Lúpus, para que, com a paciência fortalecida e a esperança renovada, entregando-se aos desígnios de sua Providência e Infinita Misericórdia que NUNCA deixa a ninguém desamparado, superem a cada dia a doença e por vossa bênção voltem a gozar saúde do corpo e da alma. Por Cristo nosso Senhor.
Amém!"


"Meninas que adestram lobos": Blog e livro sobre o assunto https://m.facebook.com/meninasqueadestramlobos

"Vivendo bem com o Lúpus" : Blog sobre o assunto http://anjodoadores.blogspot.com.br/2014/01/oracoes-pelos-doentes_12.html?m=1

"Entre humor e lágrimas" : Blog sobre o assunto https://pattypy.wordpress.com



sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Deus encarrega-se de instruir a alma desprendida


Do livro “O Dom de Si” de Pe. Joseph Schrijvers

Se a alma é constante em querer descobrir por um simples olhar a Vontade divina, adquire uma maravilha facilidade para discernir o seu dever. Um instinto secreto adverte-a de que tal ato é agradável a Deus e de que tal outro lhe agrada menos. Este discernimento infuso é privilégio da alma simples.
Deus gosta de lidar com os corações retos: comunica-se com eles de mil formas misteriosas. Em geral, atua neles por impressões ocultas. A alma percebe que Deus gostaria de vê-la entregar-se a esta ou àquela ocupação, ou de que fizesse este ou aquele sacrifício. Sem hesitar, sem inquirir, ela dá-se e executa esse desejo. Deus a conduz assim através de todas as essas ocupações.

Por vezes, chama-a para mais perto de si e, quando ela ouve esse chamado, deixa toda a ocupação que não lhe seja imposta pela obediência e corre para junto do Mestre. Bem sabe que Ele quer falar-lhe mais intimamente nesse dia, confidenciar-lhe os seus segredos divinos, consolar-se junto dela das ingratidões alheias.
A alma não saberia explicar o instinto sobrenatural que a impele; sente apenas a sua influência e sabe que vem de Deus. A sua conduta parece por vezes estranha aos homens pouco esclarecidos, que a consideram imprudente ou mesmo extravagante. Ela, porém, não se importa e prossegue o seu caminho, cuidando, porém, para que as suas ações nunca estejam em contradição com os seus deveres evidentes, com as manifestações claras da Vontade de Deus.

Executa fielmente os seus deveres do seu estado, é obediente às santas regras e aos seus superiores, é prestativa aos seus semelhantes, caridosa e cortês nas suas relações. Fora disso, está sempre atenta à voz interior que a chama e lhe murmura os desejos que vêm do alto. Esta voz é como uma brisa suave que afaga, ao passar, a superfície da alma, e esta, ao sentir a impressão divina, exulta e obedece prontamente.
O mundo divino é repleto de maravilhas. Que mistérios Deus opera na alma submissa à sua ação contínua! Que intimidade perpétua, cheia de efusões. A alma está toda concentrada no seu interior, libertou-se de toda a preocupação com o passado e o futuro; só vive para o momento presente, completamente absorta em Deus, atenta à sua voz, entregue à sua ação.

Se as almas soubessem que só isto é necessário, Deus faria em todas elas coisas maravilhosas. Mas para isso é preciso despedir-se de todo um mundo de pensamentos que povoam o cérebro de desejos, de ambições, de temores sem número, de aspirações e laços que prendem o coração, que o chamam de todos os lados, o esgotam e fazem murchar, inspirando-lhes por vezes tédio pelas coisas de Deus. Para isso, é preciso renunciar a guiar-se pelas sugestões do próprio espírito, depois lançar em Deus todas preocupações, cortando pela raiz todos os resquícios de amor-próprio; numa palavra, esquecer-se e entregar-se a Deus naquele momento.
Que miséria ver tantas almas boas, chamadas à vida útil íntima com Cristo, absorvidas em mil coisas inúteis, preocupadas, tristes, aborrecidas, inquietas, só por não quererem limitar a sua vida ao único momento presente que Deus lhe concede!

Almas simples, que vos importa o futuro que só Deus conhece e que, portanto, só Ele pode cuidar? De que importa o passado que nunca faremos reviver, que Deus esqueceu se foi mau, e que reteve se foi bom? Que vos importam os acontecimentos do presente que respeitam às outras pessoas e não a vós? Que vos importam os homens com as quais vivemos e cujos gestos e palavras não estais encarregados de julgar? Que vos importa o mundo inteiro?

Para vós, existe uma única coisa importante: o momento presente que Deus vos aponta. Santificai-o como puderdes, na medida das graças recebidas de Deus, das forças físicas e morais que Ele vos concedeu e conforme o conhecimento que Dele tiverdes. E depois, ficai em paz: a vossa santidade desde esse momento está atingida.
Senhor, criai em nós esse coração simples e reto. Virgem bendita, fazei-nos participar de Vossa pureza sem mácula, do vosso desprendimento completo. Fazei que só toquemos a terra com as pontas dos pés e que ao primeiro perigo dum contato mau, retomemos o nosso vôo para a Arca Divina! Para o Coração de Jesus!

Retirado de “O Dom de Si” de Pe. Joseph Schrijvers – Ed. Cléofas/Cultor de Livros, pg. 39/40

Ajude a compartilhar, leve esta profunda e eficaz mensagem para mais pessoas, os menores atos feitos com boa vontade geram frutos gigantescos para a maior Glória de Deus e nossa santificação


quarta-feira, 16 de março de 2016

Onde o Rosário aparece em “O Senhor dos Anéis”


Dom Joseph Bernard Marie Granziano, OP*

Em O Senhor dos Anéis , a Senhora Galadriel dá a Frodo um presente antes de sua partida de Lothlórien: um frasco, que de alguma forma está preenchido com a Luz de Eärendil, a estrela que serve como uma espécie de Estrela Polar ou Estrela da Manhã para orientar os Eldar (elfos) para as Terras Imortais. Quando Galadriel dá o frasco a Frodo ela diz seu propósito com este presente: "Que seja uma luz para você em lugares escuros  quando todas as outras luzes se apagarem".  

Frodo o usa pela primeira vez o frasco como uma luz no covil de Laracna, uma caverna na qual "sentia-se uma maldade tão intensa que Frodo cambaleou" (O Senhor dos Anéis , IV.9). Quando ele levanta o frasco no ar, exclama: "Aiya Eärendil Elenion Ancalima! ", que se traduz em "Salve Eärendil, a mais brilhante das estrelas!" Com suas palavras a luz brilhou mais forte. Mais tarde, quando Sam usa o frasco, ele grita:




O Elbereth Gilthoniel
o menel palan-diriel,
le nallon sí di'nguruthos!
A nin tiro, Fanuilos!

Oh Elbereth Estrela-Cintilante,
do alto firmamento olhando longe,
a ti eu clamo em meio a esse horror!
Olhar benevolente sobre mim, Senhora Sempre-pura! "

Para aqueles que não conhecem alguns termos da mitologia de Tolkien, Elbereth (ou Varda) é a Rainha das Estrelas. Com as palavras de Sam, a luz "ardeu como uma estrela saltando do firmamento em direção ao escuro como uma luz intolerável."

Um presente da Senhora Galadriel, esta é uma fonte de luz vinda através da oração, o frasco é para nós uma imagem do Rosário. A Virgem Maria, a mais bela de todas as mulheres, nos deu o Rosário como uma luz para os lugares escuros. Na oração do Rosário, clamamos a Maria, a Estrela da Manhã, para que possa guiar-nos para o Céu junto de seu Filho. Quando sussurramos nossos  Aves , pedimos a Rainha do Céu, a Mulher vestida de estrelas, por seu auxílio nos tempos mais sombrios da vida. Também a oração de Sam para Elbereth é semelhante à Salve Rainha, que oramos  no término do Rosário: "Salve Rainha ... a vós bradamos ... neste vale de lágrimas! Advogada nossa, estes olhos misericordiosos a nós volveis... oh clemente, oh piedosa..."  

Podemos identificar três efeitos do frasco que também se aplicam ao Rosário. Em primeiro lugar, o frasco fornece luz para iluminar o caminho dos hobbits para que não tropecem: Ao rezar o Rosário nós crescemos na graça e podemos assim compreender a melhor nossos caminhos. Temos fé que ao pedir a Deus através da poderosa intercessão da Mãe de Deus Ele nos traz para perto de Si e aí está toda nossa alegria. 

Em segundo lugar, o frasco dá a esperança aos hobbits, apesar das provações que enfrentam a Luz de Eärendil lembra-os das grandes histórias passadas de sobre como outros já triunfaram sobre o mal, e como acima de tudo, até da escuridão de Mordor, ainda há beleza, bondade e verdade. O Rosário de Maria é uma fonte de esperança para nós, pois, meditando sobre a vida de Cristo e caminhando com Ele chegamos a compreender ainda mais que a morte não é o fim da vida, que Cristo venceu a morte e que Ele prometeu o Seu Reino àqueles que O seguem. O Rosário é o modo humilde de Maria nos levar por este mundo, mantendo-nos cheios de esperança na plenitude da vida eterna que há por vir. 

Em terceiro lugar, o frasco é um terror para os maus. Laracna, que é um antigo mal em forma de aranha põe-se em fuga ao ver a luz do frasco brilhando. Da mesma forma, o Santo Rosário é um terror para demônios, uma arma na nossa luta contra os nossos próprios vícios e contra os males do mundo. Para provar  basta ter um olhar mais atento sobre a vida dos  santos.
Mas o  Rosário  em si é muito mais poderoso que o frasco. É uma oração que pode ser uma petição, uma meditação, uma oração de ação de graças, uma oração de louvor, mesmo uma oração de reparação pelos pecados. Há uma coisa, porém, que o Rosário não é: uma solução imediata para todos os nossos problemas. Na oração de encerramento do Rosário oramos para que possamos imitar o que os mistérios contêm e consigamos o que prometem. É fácil esquecer-se do mistério anterior quando se reza o próximo, mas eles são uma continuação do caminho. Devemos imitar o que os mistérios contêm, todos os mistérios, desde a Anunciação, através da Crucificação à Ressurreição e além. O Rosário não tira a dor desta vida; em vez disso, nos ajuda a ver o nosso sofrimento na Cruz de Cristo.Então, alegremo-nos, sabendo com uma viva esperança de que a Virgem Maria nos levará, através de tudo o que há por vir, até  seu Filho e Nosso Senhor, Jesus Cristo.
 * Dom Joseph Bernard Marie Granziano é frade da Ordem dos Pregadores, os Dominicanos, da Província de St. Joseph, Estados Unidos.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

O exercício do dom de si (Práticas concretas para a busca da santidade na vida cotidiana)

O exercício do dom de si 


Pe. Joseph Schrijvers

Quando a alma de boa vontade se doou a Deus, estão lançados os alicerces do seu edifício espiritual. Só falta construir, isto é, renovar constantemente essa disposição. É o exercício do dom de si, que se pratica com a mesma simplicidade, com a mesma serena mansidão com que a alma interiormente livre cumpre seus deveres.

Logo pela manhã, ao despertar, a alma eleva-se a Deus, oferece-lhe todo o seu ser e pede-Lhe que disponha dela como lhe aprouver. Este ato substitui longas orações. É uma aceitação amorosa de tudo o que vier a acontecer no dia, seja doce ou amargo, agradável ou penoso. É uma alegre disposição de tudo fazer e sofrer para agradar a Deus.
A alma esforça-se por manter-se tranquilamente nessa disposição essencial e repete de tempos em tempos o seu oferecimento. Assim recolhida em Deus, entrega-se à oração e ao trabalho segundo as exigências de seu estado.
Durante seus afazeres, permanece senhora de si, agindo sem frouxidão e sem precipitação, não se deixando dominar pelo frenesi de acabar de pressa, nem pela vontade de conquistar estima alheia, nem pelo prazer que encontra na sua ocupação.

Já não se pertence mais, é inteiramente do seu Senhor, também não pertence aos outros, nem se deixa escravizar pelo seu trabalho, pois este não é um fim, mas apenas um meio. Inicia as suas ocupações sem paixão, continua-as com toda a paz, termina-as sem pressas, sabendo que, depois desse trabalho outros virão. Para acalmar a sua impaciência, repete muitas vezes: “Enquanto executo esta tarefa, não devo cumprir outra; enquanto estiver aqui pela vontade de Deus, não sou obrigado a estar em outro lugar.”

Inteiramente senhora de si, executa de coração livre os seus deveres, uns após os outros, e esta liberdade interior permite-lhe empreender com mente clara a atenção contínua, sem fatiga ou precipitação, sem desânimo ou preguiça.

Os homens verdadeiramente ativos são os que menos o aparentam. Os agitados, os apressados, não fazem quase nada. Começam, mas não acabam. Após o trabalho, ficam com o coração inquieto, o espírito oprimido e incapaz de pensar em Deus. A alma simples, pelo contrário, imita Deus, parece sempre em repouso e está sempre ativo.

Assim, a alma prossegue em seus trabalhos diários armada do seu ato de doação. Repete-o em cada ação que realiza, a cada dificuldade que surge, a cada sofrimento que lhe sobrevém, a cada alegria ou desgosto que experimenta. Tem o seu modo próprio de resistir as tentações e de afastar as distrações. Mal se apresentam, não as afugenta diretamente, como se fossem moscas, mas despreza-as contentando-se em repetir: “Senhor, auxiliai-me.” Um gesto de amor, eis a sua resposta às sugestões do demônio. Aliás, não será tentada por muito tempo: o inimigo sabe que cada tentação provoca um novo impulso do coração de Jesus.
Da mesma forma, acolhe por um simples ato de amor as contrariedades, as cruzes, os sofrimentos de cada dia. Por mais opressivos que sejam, os contratempos nada mais fazem do que provocar atos de amor.

O descanso não interrompe o seu relacionamento com Deus. Distrai-se com o coração livre, pois sabe que Deus quer que descanse. Nunca se abandona a uma alegria vã e desmedida. Tudo nela é moderado. Diverte-se como a criança sob o olhar materno. Só recorda-se de que Deus está nela, que a vê e que ama.

Toma as refeições com inteira liberdade de espírito, sem se preocupar com a qualidade do cardápio. Porventura não lhe vem tudo das mãos de Deus? Só dá atenção a esse bom Pai que ama ternamente, e não se preocupa com o resto.

Enfim, chegada a noite e concluídos os trabalhos do dia, enquanto adormece, ainda murmura uma palavra de abandono, mais comovido, mais profundo, se possível, para reparar as faltas cometidas e suprir as omissões do dia. Depois adormece em paz, sob o olhar do seu Senhor, que vela por ela.

Pe. Joseph Schrijvers – retirado do livro “O dom de si – vida de abandono em Deus”


P.S.: O sub-título entre parênteses foi acrescentado na edição feita pelo blog. Ajude a compartilhar, leve esta profunda e eficaz mensagem para mais pessoas, os menores atos feitos com boa vontade geram frutos gigantescos para a maior Glória de Deus.
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