terça-feira, 26 de março de 2013

Entendendo o amor - 2ª Parte


por Pe. Thomas Morrow

Transcrição: Blog Mater Dei

Amor conjugal ou de eleição
            É uma das espécies de ágape. A forma agapao costuma ser usada ocasionalmente no Novo Testamento para referir-se a uma opção. Cristo disse: Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará o outro, ou dedicar-se-á a um desprezará o outro (Mt 6,24). Quer dizer, será preciso escolher entre um outro. Assim, há um amor que poderia chamar-se “amor de eleição” ou “ágape de eleição”. Este amor que devemos a Deus, porque Ele nos fez escolhê-lo acima de qualquer outro deus que pudéssemos fabricar. O amor a Deus deve ter quatro características:
-        perenidade: deve ser compromisso eterno;
-        exclusividade: não amaremos outra pessoa como amaremos a Deus, isto é, com todo o coração, toda a alma e toda a  mente;
-        publicidade: deveremos dar testemunho desse amor aos outros;
-        fecundidade: deverá dar fruto pela nossa participação na vida de Deus, na vida da graça.
           
            Ainda que este amor de eleição seja ímpar, o amor conjugal reflete essas quatros características como um espelho. Perenidade: deve ser uma entrega para toda a vida; exclusividade: cada um tem um só cônjuge; publicidade: os casais devem casar-se em cerimônia pública e dar a conhecer o seu compromisso vivendo-o diante dos outros; e fecundidade, no sentido de que se propõe gerar novas vidas [1]. O amor conjugal simboliza, pois, perante o mundo, o amor entre uma pessoa e Deus, que é também um amor esponsal [2].
            Embora o ágape conjugal ou de eleição possa exprimir-se por qualquer das maneiras em que o faz o ágape, há um modo particular de manifestá-lo: a comunhão dos corpos. Na relação com Deus, opera-se mediante a recepção da Eucaristia [3]. No caso dos esposos, através da relações conjugais.
            A intimidade sexual é o sinal físico, sagrado, do ágape conjugal do matrimônio e, como tal, possui as mesmas quatro características indicadas acima:

-        perenidade: o ato sexual pede os gritos um amanhã, isto é, exige que se realize no âmbito do compromisso matrimonial, por toda a vida, pois caso contrário reduz-se a um ato vazio, que produz apenas sentimentos de tristeza e asco.
-        exclusividade: nenhuma pessoa realmente apaixonada se sentiria à vontade se viesse a ter outro companheiro ou companheira de sexo.
-        publicidade: ainda que não se pratique o ato conjugal em público (graças a Deus), o marido e a esposa não escondem que dormem juntos.
-        fecundidade: o ato, pela sua própria natureza, está ordenado para a procriação de uma nova vida. Os filhos são o fruto do amor conjugal e dão testemunho desse amor por toda a eternidade.
           
            Por que há tanto prazer no sexo? A razão mais óbvia é porque estimula a propagação da raça humana. No entanto, esta não pode ser a única razão, já que o ato sexual e o prazer que o acompanha são bons e lícitos também durante as épocas em que a procriação é impossível (após a menopausa, durante os períodos inférteis ou no caso da esterilidade, por exemplo).
            Portanto, eu acrescentaria que o prazer sexual deve ser entendido também como um estímulo para a entrega e conservação do amor conjugal. O Concílio Vaticano II ensinou “que este [conjugal] exprime-se e aperfeiçoa-se singularmente mediante a ação própria do matrimônio. Por isso, os atos com que os esposos se unem íntima e castamente são honestos e dignos, e, quando praticados de maneira verdadeiramente humana, significam e favorecem o dom recíproco com que os dois se enriquecem mutuamente num clima de gozosa gratidão”. [4]
            A intimidade conjugal, pois, simboliza e favorece a amorosa e contínua entrega conjugal do marido e da mulher.
            A união sexual é culminância e fonte. É a culminância do compromisso da amorosa  entrega conjugal, e fonte de alento para conservar essa entrega.


Estes números indicam as notas de roda-pé do livro:

[1] Na Humanae Vitae, o Papa Paulo VI fala de determinadas características do amor conjugal: humano, pleno, fiel, exclusivo até a morte, e fecundo. Eu acrescento público, pois parece indicado neste estudo.

[2] Como está escrito em Is 62, 4-6

[3] A Eucaristia é evidentemente o coroamento do compromisso de amar a Deus sobre todas as coisas, e uma fonte de graças para manter este compromisso. Christopher West propõe uma analogia similar em Good News about Sex and Marriage: Answers tou Your Honest Questions About Catholic Teaching (“Boas notícias acerca do sexo e do casamento: respostas as suas perguntas honestas sobre o ensinamento católico”, Charis Books, Atlanta, 2000, 191 págs.): “Onde nos fazemos uma só carne com Cristo? Essencialmente na Eucaristia. A Eucaristia é a consumação sacramental do matrimônio entre Cristo e a Igreja. E quando recebemos e o corpo do Esposo celestial no nosso interior, concebemos tal como uma esposa, uma vida nova em nós: a autêntica vida de Deus”.

[4] Gaudium est Spes, 49.

Pe. Thomas Morrow – “Namoro Cristão em um mundo supersexualizado” – Ed. Quadrante

Leia as outras partes deste texto acessando-as nestes link’s: Parte 1, Parte 3, Parte 4, Parte 5

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